Postado em 26 de Janeiro de 2016 às 16h23

Gaudêncio Fidelis

Voz do Autor (36)

Conversa com autor de “O Cheiro como critério em direção a uma política olfatória em curadoria”, publicado pela Argos Editora da Unochapecó. O livro, como aponta o título, discorre sobre novas perspectivas no trabalho de curadoria artística, tendo na experiência do seu autor o principal alicerce deste trabalho. Gaudêncio Fidelis é bacharel em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Arte pela Universidade de Nova Iorque e doutor em História da Arte pela Universidade do Estado do Nova Iorque. Já foi diretor do Instituto Estadual de Artes Visuais do Rio Grande do Sul (IEAVI) e fundador e primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). Nesta entrevista, Fidelis mostra um pouco do seu pensamento inovador em curadoria.

1. O seu mais recente trabalho, “O Cheiro como critério em direção a uma política olfatória em curadoria”, como o próprio título já aponta, busca explorar o olfato como uma via interpretativa a ser explorada no ato da curadoria artística. Quais você diria que são as principais inovações que esta abordagem traz?

Trata-se de uma nova perspectiva sobre o universo da curadoria. Uma maneira de abordar as escolhas de um ângulo diferente. O livro trata antes de tudo de uma estratégia de pensar o processo curatorial a partir de uma abordagem inovadora da produção artística, baseada no aprofundamento teórico da problematização da curadoria a partir de outros modelos de exposições que não sejam baseados exclusivamente na perspectiva do olhar, mas refletindo também sobre outros sentidos, o olfato entre eles.

2. Como o senhor acredita que esta sua obra mais recente pode contribuir para o estudo da História da Arte e de disciplinas afins?

A história da arte, assim como a crítica e a curadoria são interrelacionadas, embora sejam campos diversos do conhecimento. Hoje o aprofundamento da história da arte como disciplina e as implicações que esta possui para a produção de conhecimento, para a formação do cânone artístico, são questões fundamentais para a atualidade. Já passamos o tempo em que a história da arte era uma organização cronológica de grandes feitos artísticos através do tempo. Hoje sabemos que ela representa um vasto campo de conhecimento sobre a arte e que possui implicações políticas e ideológicas. Uma vez que a história da arte é formada por um conjunto de forças agindo sobre o universo do conhecimento, toda e qualquer abordagem teórica que venha a envolver o processo de escolha e a reflexão sobre as obras de arte, terá um impacto sobre a formação da história da arte e nosso entendimento da mesma. A área de curadoria vem influenciando grandemente a formação e a revisão da história da arte, portanto a teoria sobre curadoria possui uma imensa influência em sua formação.

3. Por fim, poderia explicar para os leitores do nosso site e informativo como trabalham os curadores de arte, atualmente?

Curadores trabalham realizando escolhas em torno de um projeto conceitualmente estabelecido para realizar uma exposição, que é essencialmente uma organização de objetos no espaço. Ao fazer esta escolha, eles definem o que merece ou não ser visto em um determinado momento, ou contexto específico. Espera-se que curadores realizem uma reflexão acerca de suas escolhas e o impacto que estas tem na formação do cânone artístico. Ao fazê-lo eles estão contribuindo para a produção de conhecimento através da arte, o que é ainda uma perspectiva relativamente nova de trabalho, se considerarmos que muitas das exposições que são realizadas são exclusivamente celebratórias. Espera-se que exposições deem uma contribuição efetiva na realização de projetos relevantes que causem um impacto em suas áreas afins como a história da arte, a crítica e teoria de arte.

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